Recibo salarial que mostra encargos com trabalhadores

Recibo salarial que mostra encargos com trabalhadores


Este novo modelo de recibo foi criado pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP) em 2024 e, segundo o secretário-geral desta associação, o objetivo é que o trabalhador tenha a noção do valor do seu trabalho para a empresa e saiba de forma clara os descontos feitos sobre o valor do seu trabalho. “Não estamos a pôr em causa de que seja importante (descontar para Segurança Social e IRS), mas é importante que tenhamos noção do quanto estamos a contribuir”, afirmou Pedro Ginjeira do Nascimento à Lusa. Este recibo de vencimento mostra não apenas os descontos por conta do trabalhador (retenção na fonte do IRS e desconto de 11% para a Segurança Social), mas também o encargo de 23,75% do empregador com a taxa social única (TSU, que também financia a Segurança Social). Em 2024, o recibo foi adotado por sete empresas. Atualmente são 29 as que o adotaram, caso de Amorim, BA Glass, CTT, EDP, Fidelidade, Galp, MEO, BCP, Mota-Engil, Pestana, Salvador Caetano, Santander, Simoldes, Sovena e Visabeira. A associação que junta líderes de empresas portuguesas espera que em breve este recibo de vencimento possa chegar a mais 226 mil trabalhadores, pois a empresa de ‘software’ de gestão SAP é sua parceira neste projeto e tem este modelo de recibo disponível para as mais de 120 empresas suas clientes. Dando o exemplo do salário mínimo, Ginjeira do Nascimento considerou consensual que o valor é baixo (atualmente está nos 870 euros) mas ressalvou que a empresa que tem um trabalhador com salário mínimo paga no total 1.076,63 euros mensais, pois tem de pagar a Taxa Social Única (TSU), enquanto a remuneração líquida que o trabalhador recebe é 774,30 euros (após os seus descontos para a Segurança Social). A Associação Business Roundtable Portugal tem criticado o que designa de “garrote fiscal” de Portugal, a soma da TSU e do imposto sobre os rendimentos (IRS), considerando que significa encargos significativos para empresas e trabalhadores e que impede a valorização do trabalho. Ginjeira do Nascimento disse que se uma empresa aumentar um funcionário com salário mínimo (870 euros) em 150 euros, no total, o encargo da empresa é de 186 euros e o trabalhador recebe líquido 67 euros. Num salário de 2.000 euros, um aumento bruto de 350 euros significa 433 euros de custo total para a empresa e o trabalhador recebe líquidos 191 euros. “Estes dados evidenciam que o esforço de valorização salarial é absorvido pela carga fiscal, impedindo que os aumentos tenham um impacto real e significativo no rendimento disponível dos trabalhadores”, considera a BRP. A associação BRP é composta por 43 líderes de empresas e grupos empresariais, que, em conjunto, contam com receitas globais de 124 mil milhões de euros, 59 mil milhões a nível nacional e empregam 424 mil pessoas, das quais 218 mil em Portugal. A Taxa Social Única (TSU) é uma contribuição mensal obrigatória para trabalhadores e empresas (atualmente, a TSU é de 23,75% para o empregador e de 11% para o trabalhador) e serve para financiar o sistema de Segurança Social, que garante o pagamento de pensões, de subsídios de doença, desemprego e maternidade/paternidade e de outras prestações sociais. O IRS (imposto sobre o rendimento de pessoas singulares) serve para financiar diretamente o Orçamento do Estado, que cobre a despesa pública do Estado (seja com educação, saúde ou segurança, entre outros). Leia Também: Semana de 4 dias (sem reduções) melhora saúde de empregados e empresas

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