ONU Alerta Para “Enormes Desafios Climáticos” no País •
O Grupo de Segurança Alimentar das Nações Unidas alertou esta quarta-feira, 30 de Julho, para os “enormes desafios” que o País enfrenta devido aos impactos das mudanças climáticas, sublinhando a gestão comunitária dos recursos naturais como um elemento central da estratégia de desenvolvimento sustentável no País, informou a agência Lusa.
“Em Moçambique, onde quase 70% da população reside em zonas rurais e cerca de 80% depende directamente dos recursos naturais para alimentação, saúde e sustento, os efeitos adversos das mudanças climáticas representam um enorme desafio”, afirmou Ricardo Torres, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), durante a “VI Conferência sobre Maneio Comunitário dos Recursos Naturais”, que decorre em Maputo.
De acordo com o representante da FAO, a gestão comunitária dos recursos naturais, implementada em Moçambique e noutros países nos últimos 30 anos, tornou-se “um mantra de desenvolvimento sustentável”. Esta abordagem, explicou, tem demonstrado eficácia não só na mitigação dos impactos climáticos sobre os recursos naturais, como também no reforço da resiliência das comunidades, especialmente em contextos de insegurança alimentar.
“Face às mudanças climáticas, esta abordagem revela-se cada vez mais importante, tanto na mitigação dos seus impactos sobre os recursos naturais como no fortalecimento da resiliência das comunidades, principalmente no contexto da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável”, sublinhou Ricardo Torres.
Por sua vez, Daniel Maula, presidente da Rede da Gestão Comunitária de Recursos Naturais (R-GCRN), revelou que cerca de 17 mil agregados familiares nacionais estão actualmente envolvidos em iniciativas de gestão comunitária, através de 72 comités de base, cobrindo um território estimado em 200 mil hectares.
A gestão comunitária dos recursos naturais, implementada em Moçambique e noutros países nos últimos 30 anos, tornou-se um mantra de desenvolvimento sustentável
“Este esforço colectivo é sinal de que a abordagem funciona e que as resoluções só podem ser possíveis se a intenção de trazer as mudanças para a mesa for genuína”, declarou o responsável. A R-GCRN promove a implementação de práticas que colocam as comunidades locais no centro da tomada de decisões sobre a utilização e preservação dos recursos naturais, com enfoque na inclusão e na participação activa.
Moçambique é apontado como um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas a nível global, enfrentando regularmente fenómenos extremos como cheias, secas severas e ciclones tropicais. Entre Dezembro e Março últimos, o País foi atingido por três ciclones, que provocaram a morte de cerca de 175 pessoas nas regiões Norte e Centro, além da destruição de infra-estruturas e habitações.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, entre 2019 e 2023, os eventos climáticos extremos causaram pelo menos 1016 mortos e afectaram cerca de 4,9 milhões de pessoas em Moçambique.
No contexto da conferência, os intervenientes apelaram ao reforço das políticas públicas que valorizem o envolvimento das comunidades locais na gestão dos seus próprios recursos, como parte integrante da resposta nacional às alterações climáticas e aos desafios de segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.a d v e r t i s e m e n t



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