Défice Orçamental, Deflação e Financiamentos do BAD no País
advertisemen tA semana económica em Moçambique foi dominada por indicadores que reflectem tanto desafios fiscais como sinais mistos no desempenho da economia nacional. Entre os principais destaques, o Governo revelou que a maior parte das receitas previstas para 2026 será canalizada para o funcionamento do próprio aparelho do Estado, sobrando uma pequena fatia para o investimento interno. Paralelamente, o País registou nova deflação em Julho, e as receitas do Estado, até Junho, ficaram abaixo da meta anual. Na segunda-feira, 11 de Julho, o Diário Económico (DE) noticiou que 93,9% do Orçamento do Estado de 2026 será destinado a despesas de funcionamento, incluindo salários e encargos com a dívida, deixando apenas 6,1% para investimento interno. De acordo com o Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP) 2025-2028, aprovado em Conselho de Ministros no dia 24 de Junho, as despesas com pessoal deverão atingir cerca de 214 mil milhões de meticais (3,3 mil milhões de dólares), o equivalente a 47,3% da despesa total. O documento indica ainda que a aquisição de bens e serviços está orçamentada em 28,9 mil milhões de meticais (448,3 milhões de dólares), reflectindo medidas de contenção e racionalização da despesa administrativa. Quarta descida consecutiva dos preços No início da semana, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que, em Julho, Moçambique registou a quarta descida mensal consecutiva dos preços e a oitava nos últimos 15 meses. A variação mensal foi de -0,22%, influenciada sobretudo pela redução dos preços dos combustíveis e de vários produtos alimentares. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) apontou que as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e transportes contribuíram com -0,21 e -0,11 pontos percentuais, respectivamente, para a deflação global. 93,9% do Orçamento do Estado de 2026 será destinado a despesas de funcionamento, incluindo salários e encargos com a dívida, deixando apenas 6,1% para investimento interno Entre os produtos com maiores reduções destacam-se o tomate (-8,7%), o gasóleo (-4,8%), a gasolina (-1,5%), a couve (-6,4%), o repolho (-15,9%), a cebola (-4,7%) e a alface (-10,2%), com um impacto conjunto de cerca de -0,33 pontos percentuais. Em termos anuais, a inflação homóloga caiu para 3,9%, ligeiramente abaixo dos 4,1% de Junho. No último ano, as maiores pressões inflacionistas vieram das divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de restaurantes, hotéis, cafés e similares, ambas com aumentos de 8,9%. Receita arrecadada fica abaixo do esperado Na terça-feira, 12 de Agosto, o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, anunciou que o Estado arrecadou 171,8 mil milhões de meticais (2,3 mil milhões de dólares) em receitas até Junho de 2025, valor que representa menos de metade do previsto para o ano. Apesar disso, a execução da despesa foi ainda inferior. Segundo os dados do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para o primeiro semestre, de um total de 231 indicadores monitorizados, 134 (58%) atingiram as metas, 56 (24%) cumpriram parcialmente e 41 (18%) ficaram aquém dos objectivos. A economia nacional contraiu 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no período, afectada pelas manifestações pós-eleitorais, ataques armados em Cabo Delgado, passagem dos ciclones Dikeledi e Jude, e pelos impactos das tensões no Leste Europeu e no Médio Oriente. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) apontou que as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e transportes contribuíram com -0,21 e -0,11 pontos percentuais, respectivamente, para a deflação global Apesar da contracção, o Governo afirma que houve uma melhoria da estabilidade macroeconómica e política, destacando a criação de linhas de financiamento para o sector produtivo e a implementação de medidas de apoio ao bem-estar da população e à retoma económica. BAD anuncia financiamento de 1,6 mil milhões de dólares Ainda nesta semana, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, anunciou que a instituição disponibilizou 1,6 mil milhões de dólares (102,24 mil milhões de meticais) a Moçambique entre 2015 e 2025, para financiar projectos estruturantes nas áreas da indústria extractiva, agricultura, transportes e expansão da rede eléctrica, sobretudo nas regiões Centro e Norte. “O BAD financia projectos na indústria extractiva e apoia iniciativas ligadas à agricultura e à expansão da electricidade”, afirmou Adesina, durante a assembleia-geral do Africa50, realizada em Maputo sob o tema “Moçambique e Africa50: Unir Infra-estruturas, Conectar Continentes e Transformar Vidas”. A instituição financeira tem desempenhado um papel relevante no desenvolvimento de Moçambique e prevê que a recuperação do sector extractivo impulsione o crescimento económico para 2,7% em 2025 e 3,5% em 2026. Segundo o relatório Perspectivas Económicas Africanas (AEO) 2025, a inflação deverá aumentar para 4,8% em 2025 e 5,2% em 2026, devido ao encarecimento dos alimentos locais. Texto: Nário Sixpenea dvertisement



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