FMI Identifica “Riscos Crescentes” no Sistema Financeiro

FMI Identifica "Riscos Crescentes" no Sistema Financeiro

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta quarta-feira (5) para os riscos emergentes associados à desintermediação financeira e ao crescimento acelerado dos criptoactivos em economias como a moçambicana, recomendando maior vigilância regulatória face à transformação digital do sistema financeiro. A advertência foi feita pelo representante residente do FMI em Moçambique, Olamide Harrison, durante a 2.ª Edição do Fórum Bancário, que decorreu em Maputo sob o lema “Inovação Sustentável e Confiança Regulatória”. Na sua intervenção, centrada no tema “A Ética como Pilar da Transformação Bancária”, Harrison defendeu que o avanço de novas tecnologias financeiras, incluindo serviços prestados por entidades não bancárias e plataformas digitais, embora promissor para a inclusão, introduz novos riscos ao equilíbrio macrofinanceiro, especialmente quando não acompanhado por uma supervisão eficaz.advertisement “A digitalização não é uma panaceia. A rápida expansão de instituições financeiras não bancárias e dos empréstimos geridos por empresas tecnológicas (‘Big Tech’) levanta preocupações significativas quanto à estabilidade financeira, à exposição dos consumidores e à potencial erosão da eficácia da política monetária”, afirmou o representante do FMI. De acordo com Harrison, o fenómeno da desintermediação — que ocorre quando os serviços financeiros deixam de passar pelos canais tradicionais, como os bancos — pode enfraquecer a supervisão formal, dificultar a aplicação da política económica e aumentar a vulnerabilidade dos utilizadores, sobretudo em contextos de baixa literacia financeira. Olamide Harrison, o actual representante residente do FMI em Moçambique O representante sublinhou ainda a necessidade urgente de reforçar os marcos legais e os mecanismos de supervisão, com regulamentação baseada no risco, tecnologicamente neutra, e orientada para a protecção do consumidor e segurança dos dados. “Os decisores políticos devem estar atentos à disrupção provocada pelos criptoactivos, aos desafios na transmissão da política monetária e à possibilidade de substituição da moeda nacional”, advertiu. O Fórum, que reúne líderes do sector bancário, autoridades reguladoras e peritos em inovação financeira, visa promover um debate aprofundado sobre o futuro da banca em Moçambique, explorando soluções sustentáveis ​​que alavanquem a confiança e a modernização do sector. A edição deste ano destaca-se pela ênfase nos desafios impostos pela transformação digital e no papel da ética como fundamento de um sistema financeiro robusto. Este alerta surge numa altura em que o FMI mantém um papel activo no acompanhamento da economia moçambicana, estando em curso discussões sobre um possível novo programa de ajustamento financeiro com o Governo. A instituição prevê um crescimento de 2,5% para o País em 2025, mas alerta para a persistência de pressões fiscais e a necessidade de reformas estruturais para garantir a estabilidade macroeconómica. Uma missão técnica do FMI deverá visitar Maputo ainda este mês para aprofundar o diálogo com as autoridades nacionais sobre as prioridades económicas do próximo ciclo de governação. Texto: Felisberto Rucoa dvertisement

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