Consultora Prevê Inflação Controlada, Crédito à Economia
A semana económica no País foi marcada por desenvolvimentos relevantes no domínio financeiro, com destaque para a inflação, a evolução do crédito à economia e a posição da dívida pública no contexto africano.
Oxford Economics antevê inflação controlada em 2025
No início da semana, a consultora britânica Oxford Economics estimou que a inflação no País se manterá, em média, nos 4,4% durante o ano de 2025. Contudo, os analistas daquela entidade advertiram para um “aumento acentuado” da inflação no ano seguinte (2026), associado a uma possível desvalorização do metical, pressionada pela redução das reservas cambiais, crescimento do endividamento público e sobrevalorização da moeda nacional.a d v e r t i s e m e n t
De acordo com o relatório, em Junho de 2025, o nível geral dos preços aumentou 4,15% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, valor que está em linha com a previsão anual da consultora. O documento salienta ainda que, “apesar do agravamento dos preços no início do ano, causado pela agitação social que perturbou as actividades económicas, a expectativa é de que a inflação abrande nos meses seguintes, beneficiando da queda nos preços do petróleo e da consequente redução dos custos de transporte.”
A consultora refere igualmente que “a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços dos produtos alimentares se deve, provavelmente, à retoma gradual das actividades económicas e à normalização das cadeias de abastecimento, após os distúrbios verificados no último trimestre de 2024.”
Moçambique sai da lista de países com dívida em risco
No capítulo da dívida pública, o banco americano JPMorgan Chase & Co revelou que Moçambique já não figura entre os países africanos com dívida soberana considerada em “situação de risco”. Esta mudança ocorre depois de o prémio de risco do País (diferença entre a taxa de juro dos títulos e a das obrigações dos Estados Unidos) ter caído abaixo dos mil pontos-base, nível que os analistas consideram sinal de sobreendividamento. É a primeira vez, desde 2015, que nenhum país africano ultrapassa este limiar, o que representa uma evolução positiva no acesso aos mercados financeiros internacionais.
Os analistas advertiram para um “aumento acentuado” da inflação no ano seguinte (2026), associado a uma possível desvalorização do metical, pressionada pela redução das reservas cambiais, crescimento do endividamento público e sobrevalorização da moeda nacional.
A melhoria da posição de Moçambique acontece num contexto em que vários países africanos, como Zâmbia, Gana, Maláui e Etiópia, enfrentaram incumprimentos financeiros nos últimos anos, agravados pelos efeitos da pandemia da covid-19 e pelo aumento global das taxas de juro, que encareceu o custo dos financiamentos. No entanto, algumas economias africanas conseguiram renegociar as suas dívidas com apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que lhes permitiu recuperar alguma estabilidade.
Crédito à economia atinge novo recorde
Ainda durante a semana, o Banco de Moçambique (BdM) anunciou que, em Maio de 2025, o ‘stock’ de crédito à economia atingiu 292,6 mil milhões de meticais (4,5 mil milhões de dólares), representando um crescimento de 3% face aos 284,5 mil milhões de meticais (4,4 mil milhões de dólares) registados em Abril. Trata-se do valor mais elevado de sempre, superando o recorde anterior de 290,9 mil milhões de meticais (4,48 mil milhões de dólares), verificado em Novembro de 2024.
Segundo o banco central, o crédito concedido aos particulares manteve-se na liderança, fixando-se nos 99,9 mil milhões de meticais (1,5 mil milhões de dólares), apesar de um ligeiro decréscimo em comparação com o mês anterior. No sector dos transportes e comunicações, o montante financiado cresceu para 25,8 mil milhões de meticais (396,9 milhões de dólares), enquanto a indústria transformadora registou um total de 22,2 mil milhões de meticais (341,5 milhões de dólares). O comércio encerrou o mês com um crédito acumulado de 21,8 mil milhões de meticais (335,4 milhões de dólares).
Dívida pública africana com juro abaixo de 10%
Por fim, as taxas de juro exigidas pelos investidores para negociar dívida pública africana caíram para menos de 10%, um patamar que não era alcançado desde 2015. A Bloomberg refere que Moçambique foi o último país africano a reduzir a diferença entre a sua taxa de juro e a das obrigações do Tesouro norte-americano para menos de mil pontos-base, ultrapassando, assim, o limiar associado a crises da dívida soberana.
o Banco de Moçambique (BdM) anunciou que, em Maio de 2025, o ‘stock’ de crédito à economia atingiu 292,6 mil milhões de meticais (4,5 mil milhões de dólares), representando um crescimento de 3% face aos 284,5 mil milhões de meticais (4,4 mil milhões de dólares) registados em Abril
Esta evolução ocorre após uma década de forte endividamento por parte das economias africanas, impulsionado por empréstimos acessíveis e políticas fiscais expansionistas. Com o fim da pandemia, as economias da região começaram a recuperar, a dívida estabilizou em cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação tem registado uma trajectória de desaceleração.
Segundo o analista Joseph Cuthbertson, da PineBridge Investments, “observa-se uma melhoria dos indicadores fundamentais em vários países da África Subsaariana, apoiada por programas do FMI e, nalguns casos, por reformas internas impulsionadas pelos próprios Governos.”
Texto: Nário Sixpenea d v e r t i s e m e n t



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