BdM Registou Queda de 18% Nas Vendas de Divisas Pela Banca

As vendas de divisas realizadas pelos bancos comerciais recuaram 18% no terceiro trimestre deste ano, fixando-se em cerca de 97,5 mil milhões de meticais (1,5 mil milhões de dólares), segundo dados divulgados pelo Banco de Moçambique (BdM). Trata-se de uma inversão em relação ao segundo trimestre, altura em que essas vendas haviam crescido 51% face aos primeiros três meses de 2025.

Segundo a Lusa, em contrapartida, as compras de divisas aos clientes aumentaram mais de 12% no mesmo período, atingindo aproximadamente 126,4 mil milhões de meticais (1,9 mil milhões de dólares). Ou seja, pela primeira vez este ano, os bancos compraram mais moeda estrangeira do que venderam, num cenário marcado por persistentes restrições cambiais.

O mesmo relatório mostra ainda que, ao nível do mercado interbancário, as vendas entre bancos caíram drasticamente. Em 2024, o volume transaccionado neste canal ficou-se pelos 2,9 mil milhões de meticais (44,4 milhões de dólares), o que representa uma queda de 67% face ao ano anterior.

O BdM manteve-se ausente do mercado interbancário durante o último ano, não realizando quaisquer vendas de divisas — um contraste com 2023, quando havia intervindo com operações no valor de 31,1 mil milhões de meticais (481,4 milhões de dólares).

O documento do regulador monetário revela também que, ao longo de 2024, os bancos comerciais adquiriram mais divisas do que venderam, com um saldo positivo de 57,4 mil milhões de meticais (880,1 milhões de dólares).

Ainda assim, tanto as compras como as vendas apresentaram uma retracção anual de 4% e 17%, respectivamente, reduzindo o volume total de transacções para mil milhão de meticais (15,8 milhões de dólares), o que corresponde a uma quebra de 6%.

A persistente escassez de divisas continua a preocupar os empresários, especialmente os ligados ao comércio externo. Em Julho, o governador do BdM, Rogério Zandamela, reconheceu as dificuldades e anunciou medidas destinadas a melhorar a circulação cambial.

Entre elas, destaca-se a redução dos limites de retenção diária de divisas pelos bancos, bem como o aumento da taxa mínima de conversão das receitas de exportação, que passou de 30% para 50%.

Segundo o governador, estas medidas procuram redistribuir melhor os recursos disponíveis, garantindo maior disponibilidade de moeda estrangeira para o sector produtivo.