BIOFUND Anuncia a 3.ª Conferência da Biodiversidade Marinha

BIOFUND Anuncia a 3.ª Conferência da Biodiversidade Marinha

advertisemen tA cidade da Beira, localizada na província de Sofala, vai acolher, nos dias 3 e 4 de Setembro, a 3.ª Conferência da Biodiversidade Marinha de Moçambique (CBM), sob o tema “Ciência, Arte e Cultura pela Vida Marinha e Costeira em Moçambique”. O evento, organizado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), em parceria com várias instituições nacionais e internacionais, contará ainda com uma exposição pública de sete dias no Parque de Estruturas Verdes do Chivebo, espaço escolhido para deixar um legado à cidade. A CBM tornou-se, desde 2023, uma plataforma nacional para a conservação marinha e costeira, reunindo Governo, comunidade científica, sociedade civil, sector privado e jovens em debates, apresentações científicas e iniciativas de sensibilização. O evento tem como objectivo divulgar a importância da biodiversidade costeira e marinha através da partilha de conhecimento, assim como criar sinergias entre diversos intervenientes que actuam nesta esfera. Uma plataforma que junta ciência, políticas e comunidades Na conferência de imprensa de lançamento, a BIOFUND (instituição nacional privada, não lucrativa e de estatuto de utilidade pública que aplica recursos em benefício da conservação e biodiversidade) destacou que o evento visa fortalecer a ligação entre ciência, políticas públicas e comunidades. Alexandra Jorge, directora de Programas da Fundação, recordou que a iniciativa “é um esforço colectivo que esperamos que se traduza em acções concretas no terreno, desde a educação ambiental ao fortalecimento das parcerias.” A responsável lembrou que a BIOFUND foi criada em 2011 e apresentada publicamente em 2015, tendo sempre procurado promover espaços de partilha sobre biodiversidade. “Na altura, iniciámos exposições em várias províncias, mas a pandemia obrigou-nos a suspender. Retomámos agora com um modelo mais complexo, que junta conferência científica e exposições abertas ao público, permitindo não apenas debater políticas, mas também mobilizar cidadãos”, acrescentou. A primeira CBM, em Maputo, contou com cerca de 400 participantes, enquanto a segunda, em Nacala, província de Nampula, teve 700 participantes presenciais e seis mil online. Segundo a BIOFUND, o crescimento tem sido contínuo, tanto no número de participantes como na diversidade de actores envolvidos. Um dos resultados apontados pelas edições anteriores foi a criação de grupos de trabalho permanentes e parcerias entre comunidades locais, Governo e sector privado. A organização sublinhou ainda que a introdução da academia, através da apresentação de trabalhos científicos, foi “um ganho significativo”, permitindo que estudantes de mestrado e doutoramento divulgassem os seus resultados fora do circuito académico. A BIOFUND destacou que o evento visa fortalecer a ligação entre ciência, políticas públicas e comunidades “Na segunda edição, incluímos painéis científicos e constatámos que havia uma grande procura. Este ano vamos ter sessões paralelas, porque o volume de estudos aumentou, o que dá uma maior visibilidade ao trabalho de investigação produzido em Moçambique e reforça a base de conhecimento para orientar políticas”, referiu a direcção da Fundação. Governo sublinha importância estratégica dos recursos marinhos Para o Governo, a conferência inscreve-se numa área considerada prioritária. Felismina Antia, directora nacional dos Assuntos do Mar, referiu que a iniciativa “versa sobre uma matéria estratégica, que são os recursos marinhos.” A responsável sublinhou que o País possui “uma costa extensa, considerada a segunda mais rica em biodiversidade no oceano Índico Ocidental”, salientando que o desafio é encontrar equilíbrio entre desenvolvimento económico e conservação ambiental. “O Governo tem responsabilidades de dinamizar políticas e estratégias, mas conta com estas parcerias para garantir acções no terreno. Esta conferência permite envolver sociedade, comunidades e sector privado para compreender a relevância da biodiversidade marinha”, afirmou. Banco Mundial aponta para maior atenção à conservação marinha O Banco Mundial, financiador desde a primeira edição, considera que o evento ajuda a corrigir um desequilíbrio histórico: a maior concentração de investimentos em áreas terrestres. Segundo Manuel Mutimucuio, especialista em gestão de recursos naturais, “a biodiversidade marinha recebeu historicamente pouco apoio. Iniciativas como esta aumentam o seu perfil e permitem demonstrar que a conservação não é apenas protecção da natureza, mas também geração de riqueza para as populações que vivem dentro e ao redor destas áreas.” O responsável destacou ainda que a conferência “tem uma componente científica e uma componente de exposição, o que permite que o conhecimento produzido seja partilhado com o público. Esta combinação de ciência e comunicação é essencial.” “Este ano vamos ter sessões paralelas, porque o volume de estudos aumentou, o que dá maior visibilidade ao trabalho de investigação produzido em Moçambique e reforça a base de conhecimento para orientar políticas.” Na ocasião, a Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem (WCS, sigla em inglês), parceira da iniciativa, assinalou a ligação da conferência a projectos em curso. Segundo a cientista principal de recifes de coral, Erwan Sola, “um dos objectivos principais é promover debates e ciência em torno da biodiversidade marinha. A conferência cresceu exponencialmente desde a primeira edição, que nasceu ligada ao Projecto Futuro Azul, financiado pelo Blue Action Fund.” Este projecto tem como meta a criação de uma nova área de conservação marinha em Nampula, o que se enquadra directamente no espírito da CBM. Custos e financiamento A dimensão do evento tem vindo a crescer também em termos financeiros. A primeira edição teve um orçamento inicial de 28 mil dólares anuais. A segunda contou com 280 mil, dez vezes mais do que o previsto. Para este ano, a organização admite que os custos serão superiores, dado o aumento de actividades e o número crescente de participantes. Segundo a responsável pela BIOFUND, a conferência tem sido viabilizada por um número cada vez maior de financiadores e parceiros técnicos, não apenas em termos de fundos, mas também de apoio logístico e institucional. “Não se trata apenas do valor monetário, mas também do tempo e dedicação dos parceiros envolvidos. O engajamento colectivo é o que dá força a esta plataforma”, explicou. A escolha da Beira para acolher o evento não é apenas logística, mas simbólica. O Parque de Estruturas Verdes do Chivebo, local da exposição, é um exemplo de preservação de mangais em ambiente urbano, conjugando conservação ambiental, lazer e educação. Parte dos materiais produzidos para a conferência ficará instalada permanentemente no parque, como forma de reforçar a educação ambiental local. Os organizadores e parceiros afirmam que a CBM se consolidou como um evento de calendário, com a expectativa de ser realizada anualmente, pelo menos até 2028. Para a BIOFUND, o objectivo é simples: transformar conhecimento científico e diálogo institucional em políticas públicas eficazes e acções concretas no terreno. “Quanto mais instituições, comunidades e empresas estiverem envolvidas, maior será o impacto. A conferência é uma oportunidade de partilha, mas também de dar continuidade a iniciativas já em curso. Em Nacala, por exemplo, vários projectos com o sector privado continuaram depois do evento, mostrando que não se trata de encontros pontuais, mas de processos com resultados práticos”, sublinhou a Fundação. Texto: Nário Sixpene

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