Empresários Querem Duplicação de Escolta Militar em Macomia
A classe empresarial da província de Cabo Delgado, região Norte de Moçambique, quer que o Governo duplique a escolta feita pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) ao longo dos 100 quilómetros de estrada que ligam o distrito de Macomia e a localidade de Awasse, em Mocímboa da Praia, face aos novos ataques de grupos extremistas aos transportadores. De acordo com o presidente do conselho empresarial de Cabo Delgado, Mamudo Irache, entre os meses de Março e Julho deste ano, foram registados 104 ataques a transportadores no troço da Estrada Nacional Número 380 (N380), sublinhado que os terroristas exigem pagamentos de resgate para permitir a passagem dos automobilistas. “Há uma semana que a escolta acontece uma vez por dia em cada sentido, saindo de Macomia às primeiras horas da manhã, para garantir uma viagem de quase três horas em segurança a centenas de transportadores, comerciantes, empresários e passageiros. Mas é preciso mais, e estamos a trabalhar com o comando provincial para que a escolta seja feita duas vezes por dia”, descreveu. Mamudo Irache acrescentou que os transportadores já foram alertados sobre o perigo e que não podem circular naquela área sem escolta militar, frisando que a situação causa prejuízos avultados. “Em 2021, os impactos dos ataques provocaram prejuízos de mais de sete milhões de meticais.” A estrada entre Macomia e Awasse é uma das poucas vias asfaltadas que conectam os distritos mais a norte de Cabo Delgado, incluindo Muidumbe, Mocímboa da Praia, Mueda, Nangade e Palma — zonas de elevada importância económica e estratégica, sobretudo pelo potencial energético da província. Desde Outubro de 2017, Cabo Delgado – província rica em recursos naturais, nomeadamente gás – tem sido palco de uma insurgência armada que já provocou milhares de mortos e originou uma crise humanitária com mais de um milhão de deslocados internos. Em Abril, os ataques alastraram também à vizinha província do Niassa. Um dos episódios mais graves ocorreu na Reserva do Niassa e no Centro Ambiental de Mariri, no distrito de Mecula, onde grupos armados não estatais atacaram instalações, roubaram bens, destruíram acampamentos e uma aeronave do parque. Estes actos resultaram na morte de, pelo menos, duas pessoas, e levaram à deslocação de mais de dois mil indivíduos, dos quais 55% crianças.advertisement
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