Fitch Mantém ‘Rating’ de Moçambique em CCC e Prevê
A agência de notação financeira Fitch Ratings manteve o ‘rating’ de Moçambique em CCC, mas voltou a rever em baixa as previsões macroeconómicas devido aos protestos pós-eleitorais, prevendo agora um crescimento económico “marginal” de 2,5% este ano. Na sua mais recente avaliação de notação, de 1 de Agosto, e divulgada pela Lusa, a Fitch refere que a previsão de crescimento passou para 3,4% em 2026 e 4% em 2027, reflectindo “principalmente a premissa de retoma da construção do megaprojecto de gás natural liquefeito (GNL) de 20 mil milhões de dólares da TotalEnergies, localizado na Área 1 da bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, que está suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas, prevendo o regresso dos trabalhos no quarto trimestre de 2025.” “O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) abrandou significativamente para 2,2% em 2024, face aos 5,5% de 2023, reflectindo principalmente o amplo impacto negativo da violência pós-eleitoral na actividade económica. Prevemos que o crescimento aumente apenas marginalmente para 2,5% em 2025, devido à contracção no primeiro trimestre e aos efeitos de amortecimento da escassez de divisas na actividade empresarial”, acrescenta. Em Fevereiro, a agência tinha descido o ‘rating’ de Moçambique para CCC, e tinha piorado também as previsões macroeconómicas no seguimento dos protestos pós-eleitorais de 2024, antevendo então um crescimento económico de 3,2% para este ano, agora novamente revisto em baixa. Para a descida do ‘rating’ de Moçambique para CCC, decidida em Fevereiro – confirmada em Agosto -, a Fitch teve em conta ainda constrangimentos financeiros, elevados riscos no serviço da dívida interna, alargamento do défice orçamental, elevada dívida pública e agitação política e social, para além de um abrandamento na actividade económica e incerteza nas reservas em moeda externa e na retoma dos projectos de gás natural. Na avaliação da Fitch, os analistas referem preocupações com o aumento do défice orçamental moçambicano, na sequência da agitação social de vários meses após as eleições gerais de Outubro de 2024, e a suspensão do programa de apoio com o Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como a troca de emissões de dívida interna, empréstimos do banco central e financiamento de curto prazo que “estão a ser utilizados para pagar a dívida”, enquanto “as grandes necessidades de financiamento representam uma vulnerabilidade significativa.” Além disso, o défice fiscal aumentou para 4,9% do PIB em 2024, face aos 2,1% de 2023, “reflectindo principalmente uma queda dos subsídios, e algum impacto da violência pós-eleitoral na cobrança de receitas.” Contudo, a Fitch prevê que o défice diminua para 3,4% do PIB em 2025 e, em 2026, para 3,6%, “devido sobretudo à queda das despesas.”advertisement
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