Aumento Das Reservas Internacionais, Pressões Com Despesas

Aumento Das Reservas Internacionais, Pressões Com Despesas

advertisemen tA semana económica no País ficou marcada pela divulgação de indicadores que evidenciam tanto sinais de resiliência como desafios persistentes nas finanças públicas. Os destaques foram o aumento das reservas internacionais líquidas, a pressão crescente com as despesas salariais do Estado e a confirmação de que o País sairá da lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI). Reservas internacionais atingem máximo de quatro anos Na quinta-feira, 21 de Agosto, o Banco de Moçambique (BdM) anunciou que as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) atingiram em Junho o valor mais alto em mais de quatro anos, fixando-se em 3,9 mil milhões de dólares (249,3 mil milhões de meticais). Este desempenho surge após um período de recuperação iniciado em Março, mês em que as reservas atingiram 3,6 mil milhões de dólares (229,9 mil milhões de meticais), depois de em Fevereiro terem registado o nível mais baixo em cerca de um ano, cifrando-se em 3,5 mil milhões de dólares (228,3 mil milhões de meticais). Desde então, os valores subiram de forma consecutiva: em Abril alcançaram 3,7 mil milhões de dólares (239,8 mil milhões de meticais), em Maio chegaram a 3,8 mil milhões de dólares (243,4 mil milhões de meticais) e em Junho atingiram os 3,9 mil milhões de dólares (249,3 mil milhões de meticais). De acordo com o relatório estatístico do banco central, o montante actual cobre mais de três meses das necessidades de importação do País. No sentido de reforçar a liquidez cambial, o BdM anunciou novas medidas, entre as quais a redução dos limites de retenção diária de divisas adquiridas pelos bancos e o aumento da taxa mínima de conversão de receitas de exportação de 30% para 50%. Em conferência de imprensa realizada a 31 de Julho, em Maputo, o governador Rogério Zandamela explicou que “estas medidas não são nada mais que ajustar certos recursos.” O Banco de Moçambique (BdM) anunciou que as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) atingiram em Junho o valor mais alto em mais de quatro anos, fixando-se em 3,9 mil milhões de dólares (249,3 mil milhões de meticais) Despesas salariais sobem no primeiro semestre Por outro lado, na quarta-feira, 20 de Agosto, o Ministério das Finanças revelou que o Estado gastou 106 mil milhões de meticais (1,6 mil milhões de dólares) com o pagamento de salários e remunerações no primeiro semestre de 2025. O valor é superior aos 103 mil milhões de meticais (1,5 mil milhões de dólares) registados em igual período do ano passado. Segundo o relatório de execução orçamental de Janeiro a Junho, a despesa já representa 51,9% do total estimado para este ano, fixado em 205,5 mil milhões de meticais (3,1 mil milhões de dólares). Em 2024, as despesas com salários tinham registado um aumento de 40% em relação a 2023, totalizando 202,8 mil milhões de meticais (3,1 mil milhões de dólares). Para conter a expansão da massa salarial, o Governo anunciou, em Maio, a imposição de restrições a novas admissões, a reavaliação dos subsídios atribuídos aos Funcionários e Agentes do Estado (FAE) e o reforço do controlo de recursos humanos da Administração Pública. As projecções oficiais apontam para uma redução gradual da despesa pública em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), de 33,2% em 2024 para 30,7% em 2027, em linha com os objectivos de consolidação fiscal. Contudo, as autoridades reconhecem que os encargos com salários, pensões e serviço da dívida continuarão a constituir um desafio estrutural para a sustentabilidade das finanças públicas. Ministério das Finanças revelou que o Estado gastou 106 mil milhões de meticais (1,6 mil milhões de dólares) com o pagamento de salários e remunerações no primeiro semestre de 2025 Moçambique sai da lista cinzenta do GAFI Outro dado relevante da semana foi a confirmação de que Moçambique deverá sair da lista cinzenta do GAFI em Outubro. O anúncio foi feito por Luís Abel Cezerilo, coordenador nacional para a remoção do País daquela lista e director-geral adjunto do Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GIFiM), que advertiu, porém, para a necessidade de Moçambique continuar a reforçar mecanismos de prevenção. “Há uma preocupação muito grande por parte do Governo de que não haja possibilidade de regressarmos a essa lista quando formos avaliados em 2028”, afirmou. O País foi incluído na lista em Outubro de 2022, devido a lacunas no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento ao terrorismo. Em Junho deste ano, o Governo anunciou que o GAFI irá realizar uma missão de avaliação em Maputo entre os dias 8 e 11 de Setembro, sendo que a decisão final sobre a saída será conhecida em Outubro. Segundo Luís Cezerilo, “a etapa conclusiva vai ser a 9 de Setembro, altura na qual as nossas instituições vão ser avaliadas. Quando dizemos que não é conclusiva é porque, em 2028, o País voltará a ser avaliado pelo GAFI. Vamos ter uma segunda avaliação mútua, por isso, tudo aponta para que tenhamos um resultado positivo no dia 9. O GAFI marcou para 2028 o relatório de avaliação mútua.” Os três acontecimentos (o aumento das reservas cambiais, o crescimento das despesas salariais e a saída iminente da lista cinzenta) revelam uma economia que procura ganhar espaço de manobra no plano externo, mas que continua a enfrentar constrangimentos internos significativos, sobretudo no campo fiscal. Texto: Nário Sixpenea dvertisement

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