BdM Investiu 54 M$ em Nova Série do Metical, Governo Alerta
A semana foi marcada por movimentações relevantes nos sectores monetário, económico e mineiro, reflectindo tanto acções do Estado como sinais de retoma empresarial. O Banco de Moçambique revelou um investimento histórico na modernização do metical, o Governo expôs irregularidades nos fluxos comerciais e a província de Cabo Delgado assistiu à reactivação das exportações de grafite, após meses de paralisação devido à instabilidade sociopolítica. O Banco de Moçambique (BdM) anunciou ter investido cerca de 3,5 mil milhões de meticais (54,2 milhões de dólares) na produção de uma nova série de notas e moedas, introduzida no dia 16 de Junho de 2024. Este montante representa um acréscimo face aos 3,2 mil milhões de meticais (49,6 milhões de dólares) desembolsados no ano anterior. No mesmo período, o valor total de numerário em circulação no País ascendeu a 85,3 mil milhões de meticais (1,3 mil milhões de dólares), um crescimento face aos 80,4 mil milhões de meticais (1,2 mil milhões de dólares) registados em 2023. De acordo com o governador do BdM, Rogério Zandamela, a renovação periódica das notas e moedas, com um intervalo médio de cinco anos, visa garantir maior segurança, modernidade no design e reforço dos elementos identitários nacionais. A nova série de meticais mantém as seis denominações anteriores, sendo que as notas de mil, quinhentos e duzentos meticais são impressas em papel, enquanto as de cem, cinquenta e vinte meticais utilizam substrato de polímero. No que respeita às moedas, foram descontinuadas as de 20 e 5 centavos, permanecendo em circulação as de 1, 2, 5 e 10 meticais, bem como as de 1, 10 e 50 centavos. As novas unidades monetárias circulam em simultâneo com as séries emitidas desde Julho de 2006, mantendo ambas curso legal pleno em todo o território nacional. No plano comercial, o secretário permanente do Ministério da Economia, Jorge Jairoce, alertou para a existência de múltiplos esquemas fraudulentos nas operações de importação e exportação. Durante a apresentação do Plano Nacional de Formalização do Sector Informal, o dirigente afirmou que o Governo está atento às práticas ilegais que afectam a qualidade dos bens que entram no País e garantiu a responsabilização dos agentes envolvidos. Jairoce sublinhou ainda a necessidade de impulsionar a produção nacional como via para aumentar as exportações e, assim, reforçar a disponibilidade de divisas. Esta preocupação surge num contexto de escassez cambial que tem prejudicado sectores essenciais como a saúde, combustíveis, aviação e bens alimentares. O Presidente da República, Daniel Chapo, chegou mesmo a denunciar a existência de práticas especulativas por parte de bancos comerciais, acusando-os de criar artificialmente a escassez de moeda estrangeira para fins lucrativos. Já em Cabo Delgado, a mineradora australiana Syrah Resources retomou os envios de grafite a partir da sua unidade em Balama, após seis meses de paralisação motivada pela instabilidade política e social subsequente às eleições gerais de 2024. A suspensão das operações, que levou à activação da cláusula de “força maior”, resultou em prejuízos significativos e afectou gravemente o valor das acções da empresa, com uma queda de 28%, além do incumprimento de obrigações financeiras ligadas a financiamentos do Governo dos Estados Unidos. Com o apoio da Corporação Financeira Internacional de Desenvolvimento (DFC), os carregamentos foram reactivados no porto de Pemba, sendo esperados novos envios até Setembro. A retoma ocorre num momento em que a procura global por grafite, matéria-prima essencial para a produção de baterias de veículos eléctricos, regista forte crescimento. A estabilização política em curso, sustentada por reformas institucionais e pela recente aprovação da lei de pacificação nacional, poderá ser determinante para atrair mais investimento estrangeiro e consolidar Moçambique como fornecedor estratégico de minerais críticos. Texto: Felisberto Rucoa dvertisement
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