“Tractores Com Atrelado São Solução Apenas Para Zonas Rurais
O Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou este sábado, 26 de Julho, que a utilização de tractores com atrelado como meio de transporte público destina-se exclusivamente às zonas de difícil acesso, onde não é viável a construção de estradas convencionais, informou a agência Lusa. “São meios adequados para as zonas rurais, onde as populações estão a pedir”, declarou o chefe do Estado, no encerramento de uma visita de três dias à província da Zambézia, no Centro do País. A afirmação surge em resposta à polémica gerada em torno da distribuição de tractores como alternativa ao transporte de passageiros. Segundo o chefe do Estado, existem zonas no País, particularmente na Zambézia, onde “mesmo que haja recursos, não se consegue fazer estradas”. Exemplificou com as regiões alagadas de produção de arroz: “O problema é que há sítios que, mesmo tendo recursos para construir estradas, não será possível construi-las, a não ser que se tenha biliões e biliões de dólares. Quem sente a falta daquele meio é exactamente o produtor, que está na zona rural.” Reforçando o carácter específico da medida, o Presidente da República deixou claro que os tractores com atrelado “não são meios de transporte para os munícipes, para o asfalto ou para zonas onde é possível fazer estrada”, mas uma resposta prática às necessidades logísticas em áreas remotas, onde até os serviços públicos são obrigados a usar este tipo de viatura para transportar medicamentos ou exames escolares. Neste contexto, o Governo iniciou a entrega de cem tractores adaptados, com os primeiros 12 distribuídos na província de Cabo Delgado. As cabinas foram equipadas com assentos acolchoados, barreiras de protecção, e cobertura contra poeira, chuva e sol, de forma a garantir condições mínimas de conforto. “Foi mesmo adaptada para esta realidade”, explicou o presidente do Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações (FTC), Paulo Ricardo, durante a entrega simbólica dos equipamentos. No entanto, a iniciativa não reuniu consenso. A Renamo, principal partido da oposição, classificou a medida como “uma vergonha nacional”, numa nota divulgada a 18 de Julho. “Meio século de soberania, de promessas, de discursos e de esperanças renovadas a cada eleição. Mas a realidade continua a ser profundamente decepcionante”, criticou a formação política. Paralelamente, o Governo está a implementar um plano mais amplo de reforço do transporte público. Em Março deste ano, foi lançado um concurso público para a aquisição de 390 autocarros, quase metade dos quais movidos a gás natural. O concurso, com encerramento a 25 de Março, previa cinco lotes: 100 autocarros de grande porte a gás natural para a Área Metropolitana de Maputo, 50 de médio porte também a gás natural para a capital, 100 a diesel para as províncias, 100 veículos típicos para transporte rural e 40 autocarros para o transporte de funcionários públicos. O objectivo é melhorar a mobilidade urbana e rural com soluções diversificadas e tecnicamente adequadas ao perfil de cada região.advertisement
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