Venâncio Mondlane Diz Que Recusa de Entrada a Humoristas
A recusa de entrada no País de um grupo de humoristas internacionais, incluindo o angolano Gilmário Vemba, está a gerar polémica, com acusações de motivações políticas e questões administrativas ligadas ao tipo de visto necessário para a realização do espectáculo, informou a agência Lusa. O político Venâncio Mondlane associou a decisão das autoridades migratórias a uma eventual retaliação política, mencionando que Gilmário Vemba tem sido seu apoiante. “Eu acredito que sim, porque o Gilmário, para além de ter sido um dos primeiros angolanos que afirmativamente se posicionaram em relação à verdade eleitoral de Moçambique, também foi, digamos assim, o embaixador da minha marca pessoal que lancei em Portugal”, afirmou Venâncio Mondlane, à chegada ao aeroporto de Maputo. Segundo o político, ambos mantiveram contacto até domingo, dia em que os humoristas foram impedidos de entrar no País. “Eu disse, ‘olha Gilmário, meu irmão, finalmente já foste baptizado.’ É só isso que eu posso dizer”, declarou. A polémica teve início quando a comitiva de humoristas – composta por Gilmário Vemba (Angola), Murilo Couto (Brasil) e Hugo Sousa (Portugal) – foi impedida de entrar no País no domingo, 14 de Julho, dia em que estava agendado o espectáculo “Tons de Comédia”, em Maputo, para as 17h00. De acordo com a Showtime, promotora do espectáculo, os artistas chegaram ao aeroporto de Maputo no início da tarde e foram abordados por um agente que recolheu os passaportes alegando facilitar os procedimentos, devido à iminência do espectáculo. No entanto, ao chegarem ao balcão de imigração, foi-lhes solicitado o visto de actividades culturais. O político Venâncio Mondlane associou a decisão das autoridades migratórias a uma eventual retaliação política, mencionando que Gilmário Vemba tem sido seu apoiante “O grupo respondeu que havia solicitado o mesmo apenas para o Murilo Couto, dado que, por ser brasileiro, não poderia beneficiar da isenção de visto”, referiu a agência. Acrescentou ainda que os humoristas se mostraram disponíveis para pagar o visto de fronteira, tal como já tinham feito noutros países, como Cabo Verde. Fontes da agência afirmaram que os artistas não tinham conhecimento prévio da obrigatoriedade de visto específico para espectáculos e, ao serem informados no aeroporto, tentaram regularizar a situação no local. Posteriormente, foi sugerido que obtivessem visto de turista apenas para poderem sair do aeroporto, uma vez que o espectáculo já se encontrava cancelado. Contudo, segundo a agência, um representante da companhia aérea TAAG informou que o Serviço Nacional de Migração (Senami) tinha solicitado a devolução imediata da comitiva a Luanda, viagem que só pôde ocorrer na terça-feira. O director-geral do Senami, Zainedine Danane, justificou a recusa de entrada com base na natureza da actividade que os artistas iriam realizar. “Vieram ao País mas não obedeceram aos critérios pelos quais eles vinham. Porque eles vinham para dar um espectáculo, um ‘show’. É uma actividade cultural”, explicou, à margem das celebrações dos 50 anos do Senami, em Maputo. Segundo o mesmo responsável, os promotores do evento não tinham submetido previamente o pedido necessário ao Ministério da Cultura para a realização do espectáculo. Venâncio Mondlane questionou a actuação das autoridades, recordando a existência de um acordo de supressão de vistos entre Angola e Moçambique. “Sendo uma actividade cultural, em termos específicos, há umas taxas que se pagam, mas essas taxas são pagas como se fosse um visto de fronteira. E ele já fez isso várias vezes, inclusive aqui em Moçambique, portanto, não sei por que desta vez tem que ser diferente”, afirmou. Em 8 de Julho, Venâncio Mondlane e Gilmário Vemba partilharam nas redes sociais imagens de um encontro em Lisboa, durante o qual foi destacada a expressão “Anamalala” – que em macua significa “vai acabar” ou “acabou” – associada à sigla do partido que o político tenta legalizar: Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamalala).advertisement
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