ÚLTIMO DESEJO EM HOMENAGEM A SAMORA: Graça Machel pede transformação de Mbuzini em centro de referência

A VIÚVA do Presidente Samora, Graça Machel, pediu ontem aos governos de Moçambique, da África do Sul e de toda a região a transformação do Museu de Mbuzini em centro de referência, onde estudiosos e académicos do continente e do mundo podem realizar estudos sobre o acidente aéreo que vitimou o primeiro Presidente de Moçambique independente e membros da sua comitiva, a 19 de Outubro de 1986, e não só.


Escrita Por: Administração | Publicado: 3 years ago | Vizualizações: 25 | Categoria: Sociedade


Graça Machel fez este pedido como último desejo expresso publicamente em homenagem a Samora Machel, na cerimónia alusiva aos 35 anos do desastre aéreo de Mbuzini. Falando na qualidade de representante da família Machel, diante dos presidentes Filipe Nyusi, de Moçambique, e Cyril Ramaphosa, da África do Sul, Graça Machel afirmou que o país vizinho tem feito muito, não somente para preservar o lugar histórico, mas o que se exige é ainda maior.

Para Graça Machel, o legado de Samora é legado da SADC e de todos os combatentes da liberdade e, por conseguinte, deve ser estudado duma maneira científica, para que não seja estático. Disse que durante os 35 anos houve uma, duas ou três gerações que ouviram falar de Mbuzini, provavelmente não com uma ideia clara do sacrifício consentido e o contexto em que Samora Machel morreu.

Esmiuçando o contexto em que o fundador do Estado moçambicano perdeu a vida, Graça Machel explicou que se estava no auge de uma confrontação muito grande entre as forças do progresso na região, a chamada Linha da Frente, e as do mal, tendo à cabeça o regime segregacionista do Apartheid.

Acrescentou que o esforço dessas forças do mal era calar uma voz forte, que era Samora Machel. A viúva do falecido Chefe do Estado apelou a todos os jovens para que não se calem e, sim, clamem e recuperem a força da voz que se calou para sempre para lutar contra as adversidades do seu tempo, sobretudo pela paz, a grande missão que havia levado a comitiva presidencial a viajar para Mbala, na Zâmbia.

Graça Machel disse que o que se sente hoje é que a voz da Linha da Frente já não é a mesma, apelando para a recuperação do espírito desta organização, que deu origem à Conferência da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC), hoje SADC.

Aliás, Graça Machel apelou aos jovens para que façam a sua linha da frente, lutando contra a pobreza, a fome, rejeitando mortes e vincando que os recursos naturais existentes na região e no continente pertencem e devem servir aos seus povos.

Familiares querem reactivação da comissão de investigação

EM mensagem lida na ocasião por Alberto Canjela Jr., os familiares das vítimas afirmaram que, volvidos 35 anos após a dor e o luto, as suas intenções vão para a descoberta da verdade sobre o que realmente aconteceu no fatídico dia 19 de Outubro de 1986.

Segundo os familiares, ainda persistem questões sem resposta e promessas não cumpridas. Sentem-se tristes, porque não existe uma resposta clara sobre o acontecimento. Por isso, pedem aos governos de Moçambique e da África do Sul para que seja reactivada a comissão de investigação do acidente, cujo objectivo é revelar as suas causas.

África do Sul reafirma gratidão a Moçambique

O POVO sul-africano nunca esquecerá e estará eternamente grato a Moçambique pelo apoio recebido para a libertação do seu país do Apartheid, reafirmou o Presidente Cyril Ramaphosa.

Segundo Ramaphosa, ao comemorarem o 35º aniversário da tragédia, Moçambique e RAS continuam a celebrar os laços de amizade e solidariedade que os unem.

Por isso, garantiu, o seu país tudo fará para que Moçambique esteja livre dos terroristas que actuam em Cabo Delgado. Sublinhou que, com o gesto, os governos dos dois países reafirmam o compromisso conjunto de trabalhar para a paz e progresso da região.

Apontando que os destinos de Moçambique e da África do Sul estão intrinsecamente ligados, o Chefe de Estado sul-africano assegurou, em resposta ao pedido feito por Graça Machel, que o monumento de Mbuzini será muito mais valorizado ainda, no seu mandato.

Cyril Ramaphosa disse estar ciente das responsabilidades que recaem sobre o seu Executivo para a descoberta das causas do acidente, indicando que a luta travada por Samora Machel ainda não está concluída.

O estadista sul-africano defendeu que África precisa de líderes que seguem o caminho de Samora Machel, preparados para servir e que colocam as necessidades e aspirações das populações acima de tudo.

Entretanto, Ramaphosa disse ser necessário encorajar os cidadãos da região a aderirem à vacinação contra a Covid-19 e observarem as medidas de prevenção da doença.

Partilhar
Comentarios
Publicidade