Crise Pós-Eleitoral em Moçambique Desafia Continuidade Dos Projectos do Banco Mundial

A crise política e social em Moçambique, desencadeada pelas tensões pós-eleitorais das eleições gerais de 9 de outubro, está a pôr em risco a continuidade de diversos projetos financiados pelo Banco Mundial (BM) no país. A vice-presidente do Banco Mundial para a África Oriental e Austral, Victoria Kwakwa, alertou que a violência pós-eleitoral pode forçar ajustes nas operações da instituição, caso a instabilidade continue, conforme informado pela agência Lusa.


Escrita Por: Administração | Publicado: 14 hours ago | Vizualizações: 30 | Categoria: Economia


Preocupação com a Instabilidade Victoria Kwakwa destacou que, embora o Banco Mundial seja uma organização apolítica, o cenário de violência e insegurança cria um ambiente de risco que pode afetar as suas operações. Um vice-presidente declarou: “O Banco Mundial é uma organização apolítica. Enquanto conseguimos operar de forma segura, reduzindo os riscos e garantindo transparência e inclusividade, continuaremos nosso trabalho. Contudo, é preocupante o que se está a passar. Esperamos uma resolução de importação e que a situação no Norte não se agrave.” Impacto nos Projetos em Moçambique Actualmente, o Banco Mundial mantém mais de 40 projectos no país, com um valor total de aproximadamente 511,2 mil milhões de meticais (cerca de 7 mil milhões de dólares). Esses projetos abrangem áreas essenciais como educação, saúde, proteção social e desenvolvimento sustentável. A continuidade desses projetos está agora sob ameaça devido à insegurança e ao risco de escalada de violência, especialmente nas regiões norte do país. Expectativa da Resolução Pacífica O Banco Mundial continua a monitorar a situação e espera que a crise política seja resolvida de forma pacífica, com um foco na estabilização das áreas afetadas pela violência. A resolução da política de instabilidade é vista como crucial para garantir a continuidade do financiamento e das atividades do Banco Mundial em Moçambique. Segundo Kwakwa, esses projectos continuam a ser implementados sem alterações significativas, mas há flexibilidade para ajustar a abordagem, dependendo da evolução do cenário político e de segurança no País. “Até ao momento, não fizemos nenhum ajustamento porque estamos a conseguir implementar as operações. No entanto, se for necessário, poderemos abrandar ou mesmo interromper algumas actividades”, destacou. Desafios no Norte e Exclusão de Megaprojectos de Gás A crise pós-eleitoral soma-se à já complexa situação no Norte de Moçambique, marcada por ataques armados desde 2017. Apesar disso, o Banco Mundial não prevê financiamento directo aos megaprojectos de gás natural na região. Desde 2019 que a instituição excluiu do seu portefólio financiamentos relacionados com petróleo e gás, salvo em casos excepcionais onde não haja alternativa viável para garantir receitas ao Estado. “Moçambique possui um vasto potencial em energias renováveis, como a eólica, e é nisso que estamos focados. O financiamento de projectos de petróleo e gás nestes países está fora de questão”, reiterou Victoria Kwakwa. Impacto da Crise Pós-Eleitoral Entre 21 de Outubro e 21 de Novembro, os protestos relacionados com os resultados eleitorais levaram à morte de pelo menos 67 pessoas, com 210 a ficarem feridas, segundo a Plataforma Eleitoral Decide. Os confrontos entre manifestantes, que apoiam o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, e as forças de segurança têm sido marcados por repressão policial e detenções em massa. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) atribuiu a vitória presidencial a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, com 70,67% dos votos, mas os resultados ainda carecem de validação pelo Conselho Constitucional. Enquanto isso, os apelos por estabilidade e resolução pacífica da crise multiplicam-se. O Banco Mundial reafirma o seu compromisso em continuar a trabalhar com o novo Governo, mantendo o foco na promoção de crescimento inclusivo e resiliente, mas destaca que o agravamento da instabilidade poderá afectar o futuro dos projectos no País.
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