Operadores Turísticos Relatam Recuo “Catastrófico” de 15 Anos no Sector
O turismo em Moçambique, um dos sectores estratégicos para a economia pátrio, enfrenta uma das suas maiores crises, marcada por cancelamentos em volume, retracção de investidores e um impacto profundo na sua imagem internacional
Escrita Por: Administração |
Publicado: 6 days ago |
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Categoria: Economia, Finanças e Negócio.
O turismo em Moçambique, um dos sectores estratégicos para a economia pátrio, enfrenta uma das suas maiores crises, marcada por cancelamentos em volume, retracção de investidores e um impacto profundo na sua imagem internacional. As manifestações que eclodiram em seguida o período eleitoral criaram um envolvente de instabilidade, bloqueios e actos de vandalismo, que têm ameaçado o progresso conseguido pelo País nos últimos anos.
“Estas manifestações estão a ser catastróficas para o turismo”, afirmou Muhammad Abdullah, responsável pelo pelouro da Hotelaria, Restauração e Turismo da Confederação das Associações Económicas (CTA).
Em entrevista ao Quotidiano Poupado, Abdullah descreveu um cenário preocupante, em que várias unidades hoteleiras suspenderam as suas actividades e destinos turísticos emblemáticos, uma vez que Vilankulo e as ilhas, que começaram a registar pedidos de cancelamento em volume. Aliás, em Maputo, quatro navios cruzeiros cancelaram as suas escalas, o que evidencia a suspicácia crescente entre os turistas.
Segundo dados preliminares apresentados por Abdullah, os prejuízos financeiros já atingem tapume de 500 milhões de meticais, resultado de cancelamentos de reservas e solicitações de reembolsos.
“Os operadores turísticos estão a enfrentar uma avalanche de cancelamentos e de alterações de itinerários, o que compromete seriamente a sustentabilidade das empresas no sector”, explicou. Nascente impacto financeiro, no entanto, é unicamente a ponta do icebergue.
Para Abdullah, o mais preocupante é o retrocesso na posição do País enquanto sorte turístico internacional. “Estamos a regredir, eu diria, 15 anos no que diz saudação ao ranking de Moçambique nos radares do turismo internacional”, lamentou.
O responsável alertou ainda que a crise está a afectar profundamente a crédito dos investidores, tanto nacionais uma vez que estrangeiros. “O problema não são unicamente as manifestações em si, mas os actos de violência, vandalismo e bloqueios que ocorrem durante estes protestos. Nascente envolvente de instabilidade e incerteza resulta numa perda totalidade de crédito por segmento dos investidores”, sublinhou.
“O movimento de turistas nos hotéis moçambicanos cresceu 21,7% no terceiro trimestre deste ano, superando os 130 milénio hóspedes até Setembro. No mesmo período, o transporte desatento de passageiros e trouxa registou aumentos de 15,5% e 6,0%, respectivamente, face ao ano anterior”Instituto Pátrio de Estatística (INE)
A crise surge num momento particularmente quebrável, uma vez que o sector vinha a registar sinais de recuperação e propagação. Dados divulgados esta quinta-feira (19) pelo Instituto Pátrio de Estatística (INE) mostram que o movimento de turistas nos hotéis moçambicanos cresceu 21,7% no terceiro trimestre deste ano, superando os 130 milénio hóspedes até Setembro. No mesmo período, o transporte desatento de passageiros e de trouxa registou aumentos de 15,5% e 6,0%, respectivamente, face ao ano anterior.
Apesar deste desempenho positivo, o cenário recente coloca em risco não só os ganhos recentes, mas também o potencial de propagação a médio prazo. “Esta situação já prejudicou a imagem do nosso país. É uma mancha que terá de ser muito trabalhada para ser retirada da mente dos turistas internacionais logo que a segurança e a firmeza forem restabelecidas”, afirmou Abdullah.
Num esforço para minimizar os danos e tranquilizar os turistas, o Governo, através da ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, garantiu que os principais destinos turísticos continuam seguros e plenamente operacionais.
“As manifestações ocorreram de forma localizada, principalmente em áreas urbanas, enquanto os destinos turísticos populares, uma vez que parques, reservas nacionais, praias e regiões costeiras, permanecem seguros, inalterados e abertos às actividades normais”, assegurou a ministra em enviado.
Aliás, Materula destacou que os aeroportos e postos de fronteira terrestres estão a funcionar normalmente, permitindo que os turistas cheguem aos seus destinos durante a quadra festiva. No entanto, reconheceu a consumição de muitos visitantes, particularmente daqueles que já fizeram reservas, devido às greves e paralisações.
Muhammad Abdullah – Responsável pelo pelouro da Hotelaria, Restauração e Turismo da Confederação das Associações Económicas (CTA)
Enquanto o Governo tenta sossegar os receios dos turistas, os custos humanos da crise continuam a crescer. Segundo a Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 130 pessoas morreram desde o início das manifestações, a 21 de Outubro, enquanto 385 foram feridas, vítimas de disparos. Estes números sublinham a seriedade da situação e a urgência de uma solução política urgente.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane, por sua vez, classificou o momento uma vez que decisivo para o horizonte de Moçambique. “A proclamação dos resultados das eleições gerais pelo Parecer Constitucional, prevista para 23 de Dezembro, será determinante. Esta data dirá se Moçambique avança para a tranquilidade ou para o caos”, alertou.
No meio deste cenário de incerteza, Muhammad Abdullah reforçou o apelo da CTA ao diálogo entre os actores políticos. “Tudo o que podemos fazer é sensibilizar quem de recta. A grande questão é: quão complicado será restaurar a crédito dos turistas?”,