Sair da Lista Cinzenta, Entrar em Contracção Económica e a USAID em Fade Out

A semana económica foi marcada por notícias contraditórias. Entre garantias do Governo sobre as boas perspectivas de saída de Moçambique da lista cinzenta do GAFI e os avisos do CIP (Centro de Integridade Pública) face ao que ainda falta fazer a esse nível.


Escrita Por: Administração | Publicado: 4 days ago | Vizualizações: 8977 | Categoria: Economia


Depois, a confirmação da contracção económica registada no último trimestre de 2024, incendiada pela violenta contestação pós-eleitoral pontuou uma agenda que, esta semana, foi dominada por garantias de apoio financeiro internacional à economia moçambicana por parte de FMI e Banco Mundial e, acima de tudo, pelo encerramento da USAID, com tudo o que isso significa para os países mais pobres e dependentes dessa ajuda (e de tudo o que ela traz), como Moçambique. Na terça-feira (11), o Governo anunciou que Moçambique está próximo de sair da Lista Cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), tendo cumprido 25 das 26 acções exigidas. O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, destacou que a última pendência se refere à actualização da base de dados das organizações da sociedade civil sem fins lucrativos. Uma equipa do GAFI visitará o País em 2025 para auditar as reformas implementadas, e o Governo espera a remoção da lista até ao final do primeiro trimestre. Contudo, um estudo do Centro de Integridade Pública (CIP) alerta para o risco de o País não conseguir demonstrar, de forma eficaz, a sustentabilidade das medidas implementadas. O organismo baseia-se na classificação do Índice Basel AML, que ainda coloca Moçambique entre os países de maior risco para o branqueamento de capitais. Além disso, a opacidade da operação “Stop Branqueamento de Capitais” gera dúvidas sobre a responsabilização dos envolvidos.a d v e r t i s e m e n t No sector macroeconómico, o último trimestre de 2024 foi marcado por uma contracção de 1,6%, segundo o índice PMI do Standard Bank. Fundo Monetário Internacional (FMI) O economista-chefe do banco, Fáusio Mussá, atribui esta queda à instabilidade política pós-eleitoral, que resultou em protestos e violência. No entanto, prevê-se uma recuperação de 3% em 2025, impulsionada pela estabilização do ambiente sociopolítico e pelo crescimento dos sectores extractivo e industrial. Por outro lado, Moçambique recebeu garantias de apoio financeiro de vários parceiros internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a ONU numa altura em que o tema na ordem do dia é o congelamento de fundos da USAID que, anualmente, aloca cerca de 500 milhões de dólares para programas de ajuda ao desenvolvimento em Moçambique. Os financiamentos serão destinados a projectos de desenvolvimento em áreas-chave como agricultura, infra-estruturas, saúde e educação. O Banco Mundial, por exemplo, tem actualmente mais de 40 projectos activos no País, num montante superior a 7 mil milhões de dólares. Entretanto, no que toca à gestão das dívidas ocultas, o Governo anunciou o leilão de 24 embarcações da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum), uma das envolvidas no escândalo. Espera-se arrecadar 10,6 milhões de dólares com a venda da frota, que está em bom estado, mas sem histórico de actividade pesqueira significativa. Este passo visa recuperar parte dos valores desviados no esquema de corrupção que envolveu altos funcionários do Governo e resultou em processos judiciais internacionais.
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