O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que o arquipélago está a apostar "na agricultura inteligente", adaptada às condições em Cabo Verde, nomeadamente as secas prolongadas.
Escrita Por: Administração | Publicado: 3 years ago | Vizualizações: 22404 | Categoria: Agricultura
"Estamos a fazer uma forte aposta na agricultura inteligente. É uma agricultura adaptada às condições de Cabo Verde. É juntar vários fatores, de uma forma inteligente para produzir resultados", afirmou o chefe do Governo, durante a inauguração do sistema de aproveitamento hidroagrícola da barragem de Figueira Gorda, no concelho de Santa Cruz, ilha de Santiago.
Com o país em clima de pré-campanha eleitoral para as legislativas de 18 de abril, Ulisses Correia e Silva voltou às críticas à construção, pelo Governo anterior (até 2016) de várias barragens para armazenamento de água naquele arquipélago, algumas das quais sem funcionar corretamente.
"Este é um investimento que não fica pelo meio do caminho, como a construção das barragens. Porque além de reter água, era importante que esta água chegasse as parcelas agrícolas dos agricultores, com custo reduzido para aumentar a produção. Nós estamos a resolver isso. Mobilizar água de forma organizada para os agricultores", afirmou.
A Lusa noticiou anteriormente que uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Nacional de Cabo Verde vai tentar apurar responsabilidades e eventuais atos de gestão danosa na construção das barragens da Furada (ilha de São Nicolau), Salineiro (ilha de Santiago) e Canto Cagarra (ilha Santo Antão), que "apresentam problemas técnicos".
As barragens -- plano nacional com um total de sete até 2015 - foram construídas por empresas portuguesas ao abrigo do programa governamental de Energias Renováveis, Ambiente e Mobilização de Água, financiado com 100 milhões de euros por uma linha de crédito de Portugal.
O programa do Governo do então primeiro-ministro José Maria Neves (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) tinha como objetivo a mobilização de água e a modernização da agricultura, prevendo a captação de 9.352.080 metros cúbicos por ano de águas de escoamentos superficiais, subsuperficiais e subterrâneas, que corresponderiam a uma disponibilização média de 31.174 metros cúbicos por dia para apoiar atividades agropecuárias no meio rural.
Contudo, algumas dessas barragens nunca chegaram a reter água.
Cabo Verde atravessa uma seca prolongada, com mais de três anos, com o primeiro-ministro a destacar que a estratégia tem passado também por "massificar o uso da rega gota a gota", por permitir reduzir o custo de produção e aumentar a capacidade de água por parcela irrigada.
"Mais: o Governo está a apoiar no uso de energia solar, através de um projeto para comparticipar com o custo. Se o custo é de 100 escudos, por exemplo, comparticipamos com 50 escudos. Ou seja, são melhores condições para os que querem investir na agricultura o possam fazer com rendimento, capacidade de produzir e melhores resultados", destacou Ulisses Correia e Silva.
Ainda na ilha de Santiago, nos Picos, concelho de São Salvador do Mundo, foi inaugurado hoje o sistema de aproveitamento hidroagrícola da barragem de Faveta.
"Esta é a via para conseguirmos dar resposta aquilo que são as necessidades de desenvolvimento, as necessidades concretas das pessoas que precisam de rendimento, do ganha pão e de cuidar das suas famílias", enfatizou o chefe do Governo.